A ampla disponibilização de informações públicas pelos órgãos de imprensa para a operação do controle social das gestões governamentais foi defendida, na manhã desta quarta-feira (29/03), pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azedo, e pelo assessor de imprensa da Associação Nacional dos Jornais, Ricardo Pedreira, durante o "Seminário Internacional: Corrupção e Sociedade". "Defendemos um jornalismo cada vez mais vinculado aos interesses objetivos do cidadão", comentou o representante da ANJ, no painel "Controle Social: Comunicação, Imprensa e o Cidadão".       Em sua exposição, Pedreira salientou que a atuação da imprensa não deve estar focada, apenas, na denúncia de casos de corrupção, mas no apontamento de soluções, na motivação e na mobilização da sociedade no combate às irregularidades com dinheiro público. "Esse jornalismo deve informar os cidadãos dos seus direitos, mas, também, de seus deveres", destacou, ressaltando que "o livre acesso às informações é o melhor remédio contra a corrupção".       O presidente da ABI registrou os avanços ocorridos no que se refere à democratização e pluralidade da oferta das informações. "Apesar das limitações, relacionadas à renda per capita e à circulação dos jornais, é possível verificar uma crescente expansão do acesso à informação pelo cidadão comum, o que tem se refletido na gestão da coisa pública", afirmou. Para ele, a ampliação da competitividade entre os meios de comunicação de massa e a existência de televisões públicas, por exemplo, têm colaborado para o acesso imediato a questões importantes, como é o caso das   Comissões Parlamentares de Inquérito. "Essa maior oferta de informações vai possibilitar ao cidadão tomar posição, inclusive, na hora de votar".              Durante o Painel, o secretário geral da Transparência Brasil - organização não governamental voltada à prevenção e ao combate da corrupção - Cláudio Abramo, falou de duas iniciativas desenvolvidas pela entidade, em parceria com o Tribunal de Contas de Santa Catarina, para garantir maior transparência das licitações públicas catarinenses. Os dois sistemas foram colocados à disposição da população, no site do TCE, da Tbrasil e do Instituto Ruy Barbosa. Com os aplicativos "Assistente Interativo de Licitações" e "Desempenho em Licitações nos Municípios", a idéia é facilitar o acesso e a compreensão sobre a gestão pública pelo cidadão comum, em especial, quanto aos gastos realizados através de licitações. "Cada vez mais, a sociedade exige dos entes públicos que cumpram com eficiência a sua função institucional e social", enfatizou Abramo, em sua palestra. Para ele, quanto maior for a oferta de informação disponibilizada pelos entes públicos à sociedade maior será a sua capacidade de interferir na condução do Estado. "E isso depende de vontade política".           Ao responder questionamento feito por representante da delegação de Moçambique - cerca de 30 pessoas do país africano assistiu ao Painel através de videoconferência, em Brasília - o secretário geral da ONG informou que o papel da entidade é desenvolver instrumentos que permitam o acompanhamento dos atos públicos pela população, pela imprensa, entre outros. "A função de uma organização não governamental é propiciar meios para que outros interlocutores possam exercer o controle". Nepotismo         A questão do nepotismo também foi abordada durante o evento. O secretário-geral da Transparência Brasil defendeu a redução do poder de nomeação nos três poderes, em âmbito federal, estadual e municipal, ao invés da simples vedação da possibilidade de contratação de parentes. "Se reduziria drasticamente o estímulo corruptor", disse, ao atribuir a essa prática o escândalo dos correios.         O "Seminário Internacional: Corrupção e Sociedade" reuniu mais de 700 interessados e profissionais de órgãos de controle externo de países da América Latina, da Europa e da África, entre os dias 27 e 29 de março, no CentroSul, em Florianópolis.